Os Incômodos com a voz da Drag Queen

Autori

  • Thiago Soares Universidade Federal de Pernambuco
  • Daniel Magalhães de Andrade Lima Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.22409/contracampo.v44i1.65758

Parole chiave:

cultura pop, performance, gênero, música pop, voz

Abstract

A consagração da drag queen cantora Pabllo Vittar no contexto midiático brasileiro coincide com a polarização política que favoreceu uma agenda conservadora e a ascensão de líderes tecnopopulistas no Brasil. Parte do rechaço e das críticas a Pabllo Vittar nas redes sociais digitais destacava sua voz “fina”, “instável” e “desafinada”, evidenciando um conjunto de incômodos que parecem narrar a própria condição de sujeitos LGBTQIAP+. O artigo mapeia os incômodos da voz da drag queen a partir de uma amostragem de vídeos-reações (reacts) no maior canal brasileiro de julgamento de performances de canto do YouTube. Postula-se que argumentos técnicos sobre vozes nas mídias encobrem “verdades generificadas” que ignoram desvios e dissidências de corpos em contextos musicais. Pondera-se, então, que as vozes de drags queens fabulam corpos que fissuram as ideologias da “voz natural”.

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Biografie autore

  • Thiago Soares, Universidade Federal de Pernambuco

    Pesquisador e professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Coordenador do grupo de pesquisa em Comunicação, Música e Cultura Pop (Grupop/ CNPq). Bolsista Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

  • Daniel Magalhães de Andrade Lima, Universidade Federal de Pernambuco

    Doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

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Pubblicato

2025-04-29

Fascicolo

Sezione

Artigos