Nacional por tradução
DOI :
https://doi.org/10.22409/gragoata.v30i67.66804.ptMots-clés :
Literatura brasileira, nacionalismo, cosmopolitismo, tradução intralinguística, imagologiaRésumé
Num ensaio hoje clássico, Roberto Schwarz (1986) demarcou-se tanto dos “nacionalismos de esquerda e direita” e sua “busca de um fundo nacional genuíno [...] através da eliminação do que não é nativo” (o “nacional por subtração”), quanto de “certa filosofia francesa recente” na esteira da qual críticos como Silviano Santiago e Haroldo de Campos teriam buscado inverter o lugar-comum segundo o qual “a cópia é secundária em relação ao original”, oferecendo “uma interpretação triunfalista do nosso atraso”. Três décadas mais tarde, João Adolfo Hansen (2016), assumindo uma “perspectiva internacionalista” que descarta a um só tempo o problema das “ideias fora do lugar” bem como a resposta nacionalista ao mesmo, irá defender, com base em Abel Barros Baptista, a “ideia da literatura como hospitalidade incondicional e tradução”, ignorando, com isso, as profundas desigualdades reconhecidas por Franco Moretti (2001) no “sistema-mundo literário”. O problema reside na falsa equivalência sugerida por Hansen entre “hospitalidade condicional” e “tradução”: voltando às proposições de Baptista (2005; 2014), mostraremos que a tradução se impõe, na verdade, justamente porque a hospitalidade incondicional no que se refere à literatura não passa de uma “utopia”, e que a heterogeneidade linguística que reclama a tradução como performance constitutiva do idioma é justamente o que permite que se recoloque em nova chave o problema do nacional(ismo) no campo estético-literário em geral, e no campo comparatista em particular: nacional por tradução.
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