séculos. Para Aristóteles (2011, p. 44),
a retórica é “a faculdade de observar,
em cada caso, o que este encerra de
próprio para criar a persuasão”.
Nessa busca pela persuasão, o
orador tem à sua disposição três provas
retóricas, as quais podem ser
mobilizadas para que ele conquiste a
adesão: o ethos, o pathos e o logos. O
primeiro é voltado para a imagem
pessoal do orador (ethos); o segundo é
a capacidade do orador de despertar as
emoções de seu público (pathos); e o
último é referente ao próprio discurso
no que diz respeito ao que apresenta ou
parece apresentar (logos).
Apesar de, classicamente, as
provas serem apresentadas de modo
individualizado, é importante mencionar
que, em uma análise argumentativa,
essas três provas retóricas se
complementam e não funcionam
separadamente, tendo em vista que “o
ethos e o pathos só se tornam realidade
a partir do discurso, ou seja, do uso de
sua estrutura, de seus raciocínios, em
suma, de tudo que se chamou [...] de
logos” (Galinari, 2014, p. 264).
Após os estudos de Aristóteles,
Reboul (1998) aponta que “a retórica se
instala na cultura grega helenística
como disciplina essencial, tão
importante quanto para nós a
matemática” (Reboul, 1998, p.72). Com
o passar dos séculos, o ensino da
retórica esteve presente em diversas
culturas e sociedades, tais como no
Império Romano, na Europa medieval e
no mundo islâmico, por exemplo.
Entretanto, no século XIX, “a retórica
realmente declinou, a ponto de quase
desaparecer” (Reboul, 1998, p. 77). Um
dos motivos para tal é a relação
estabelecida entre a retórica e o
Cristianismo, ou seja, a apropriação
problemática dos estudos retóricos,
feita por parte dos religiosos.
Assim como lembra Moura
(2022), é importante salientar que, após
esse período de deslegitimação da
retórica, ocorrido durante a passagem
do século XIX para o XX, os estudos de
argumentação precisaram se
reinventar. Assim, ao nos debruçarmos
sobre as trilhas percorridas por
estudiosos contemporâneos da
argumentação, notaremos que, hoje,
não existe somente uma definição de
argumentação, mas sim um conjunto
de possíveis definições, ou melhor, o
que temos hoje são teorias da
argumentação, entre as quais se
destacam O Tratado da Argumentação,
de Perelman e Olbrechts-Tyteca, e Os