conexões entre diversos territórios do
Atlântico Negro (Gilroy, 2012).
Como nos informou Manuel
Castells (2006, p.76):
O rap, e não o jazz é o produto
dessa nova cultura, que também
expressa uma identidade, também
está fundada na história negra e
na longa tradição norte-americana
de racismo e opressão social, no
entanto, incorpora novos
elementos: a polícia e o sistema
penal como instituições centrais, a
economia do crime como o chão
de fábrica, as escolas como área
de conflito, as igrejas como
redutos de conciliação, famílias
madrecêntricas, ambientes
depauperados, organização social
baseada em gangues, uso de
violência como meio de vida. São
esses os novos temas da nova
arte e literatura negra nascidos da
nova experiência do gueto.
O Hip-Hop transformou-se numa
referência de resistência, alternativa de
lazer e expressão artística crítica de
uma parte considerável da juventude
norte-americana e, a partir de filmes,
músicas, discos, moda, revistas, foi
chegando em outros países e tomando
conta da forma de fazer arte, se vestir e
se comportar, sobretudo, de dos jovens
que viviam em áreas de desigualdade
social e racial.
A reunião destes elementos foi
tão potente para aquela comunidade
que se disseminou para outras, de
modo que, com o tempo, o Hip-Hop foi
se tornando uma referência ética,
estética, política, cultural e educacional
das populações periféricas ao redor de
todo o planeta, na medida em que
oferecia (e continua oferecendo) um
campo de produção de sentidos mais
intenso e afirmativo, mobilizado não só
a despeito das forças de interdição, que
submetem os sujeitos periféricos à
lógica do capital, mas também, e
principalmente, na expressão singular
das forças de criação e resistência, que
dão vez e voz ao potencial de ação
destes jovens (e outros sujeitos de
gerações variadas do movimento), na
constituição de seus processos de
subjetivação.
Na esteira desta ideia, que
coloca o Hip-Hop em um horizonte de
alcance que toca dimensões éticas,
estéticas e existenciais, não demorou
muito para que essa manifestação se
esgueirasse para todas as esferas
sociais, inclusive a científica. Em pleno
ano de 2025, já é possível encontrar o
Hip-Hop em diversas áreas de estudos,
tais como: Ciências Sociais, Educação,
Sociologia, Antropologia, História,
dentre outras.
Cabe salientar, no entanto, que
já não é recente essa movimentação de