
Começando a conversa
A luta pelo acesso à terra é parte vital da luta por direitos da classe trabalhadora.
Na Amazônia, essa luta se mostra extremamente dura, afinal, o empresariado
capitalista vinculado à mineração e ao agronegócio, quer dominar esta que é a maior
floresta tropical do mundo. E essas tentativas de dominação são sempre feitas com
violência.
Constantemente, terras indígenas, reservas extrativistas, reservas naturais e
florestas nacionais (todas sobre a proteção da União) são ameaçadas e invadidas por
agromilícias. Nessas invasões, tentam expulsar as pessoas que vivem nos territórios.
Como principais operadores da violência estão agentes privados que se designam
fazendeiros, agromilícias e grupos de pistoleiros que atuam sob encomenda. E, como
explicou Matos (2021) estão com muita força:
Na Amazônia brasileira, há um empoderamento das agromilícias
mercenárias no exercício de um poder paralelo nas disputas por terra,
madeira e minério nas áreas públicas e nos territórios comunitários. Nas
ações desses grupos ligados ao mundo “agro” está embutida as
conspirações maniqueístas (“trabalhadores” versus “preguiçosos”,
“progresso” versus “atraso” etc.,) daqueles que estão à procura do
inimigo em comum. (MATOS, 2021, p.859).
Para combater a violência e manter povos e comunidades tradicionais e
camponeses em seus lugares é necessário fortalecer os modos de vida. Souza afirma
que modos de vida podem ser entendido como:
(...) conjunto de práticas sociais, econômicas e culturais cotidianas
compartilhadas por um determinado grupo social no processo de
produção da vida material e simbólica. Como expressão da cultura,
respeito aos costumes, tradições, valores, crenças e saberes que
orientam as normas de convivência na vida familiar, no trabalho e em
âmbito comunitário. Relaciona-se às maneiras de produzir, consumir e
distribuir os frutos do trabalho, tendo em conta as formas de sentir e
pensar a vida e o mundo. Os modos de vida manifestam as relações que
homens e mulheres trabalhadoras, mediadas pela memória coletiva e
por experiências vividas e herdadas, estabelecem entre si e com o
território em que produzem sua existência. (SOUZA, 2020, p. 131).