V.23, nº 50 - 2025 (janeiro-abril) ISSN: 1808-799 X
O HOMEM, O IRMÃO E O GUERREIRO1
Tânia Tgart (Mãe Tânia de Ogum)2
O mundo acadêmico conhece e reverência o ilustre Professor José Luiz
Cordeiro Antunes, cuja atuação pedagógica irretocável ao longo de décadas
rendeu-lhe muitas homenagens e eterno reconhecimento.
No entanto, meu propósito aqui é ressaltar a importância das ações religiosas
2 Tânia Tgart é professora, escritora e revisora. Dirigente do terreiro Ilê Axé Omó Efon Olobé Omi.
Tradução: Casa da Força Sagrada aos Filhos da Nação Efon do Dono da Faca e da Água". Maricá,
Rio de Janeiro.
1 Artigo recebido em 09/03/2025. Aprovado pelos editores em 18/03/2025. Publicado em 09/04/2025.
DOI: https://doi.org/10.22409/tn.v23i50.67275.
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do meu querido irmão Pai José Luiz de Jagun, zelador de santo respeitado como
poucos no universo candomblecista. Seu nome é incontestavelmente associado à
seriedade, à responsabilidade, ao estudo, à militância, à dedicação, à entrega e à
capacidade maior de luta em defesa da liberdade dos cultos afro-brasileiros.
Posso tranquilamente traçar o perfil de Pai José Luiz de Jagun como um ser
humano íntegro e estrategista, um homem da pólis, um guerreiro em permanente
guarda e luta contra o racismo e todas as suas faces hediondas. Conheci-o em
reunião para a formação de um grupo de axé disposto a lutar pelo respeito à
liberdade de culto diante de uma realidade cada vez mais intolerante, racista e
desrespeitosa. Pouco a pouco, interesses comuns nos aproximaram e nos
presentearam com uma amizade gigantesca, plenamente abençoada por nossos
orixás.
Pai José Luiz de Jagun é um grande pesquisador dos meandros
intermináveis em que nossa religião se desdobra. Estudioso, nada em sua prática
religiosa ocorre ao acaso, nada sob sua orientação acontece sem uma
fundamentação coerente e sólida, nada em sua performance religiosa se passa sem
o conhecimento embasando suas ações. E, apesar de tanta sabedoria, sua postura
humilde e despretensiosa, completamente despojada da egolatria que perpassa
muitas Casas de Axé, apenas confirma sua grandeza enquanto ser humano e
zelador de orixá.
Zelador de santo, educador, visionário, idealista, guerreiro, irmão e amigo.
Um ser humano digno e íntegro como poucos que conheci nessas andanças tortas
de meu Deus, tanto na esfera do sagrado como fora dela. Um homem que pautou
sua vida (e permanece agindo da mesma forma) na mais absoluta decência, no
respeito ilimitado, na dedicação extrema, na humanidade plena. Partilhar de sua
amizade e de seu convívio (religioso, profissional, fraterno) para mim é uma honra,
um prazer permanente. E poder contribuir minimamente para homenageá-lo me
motiva de maneira indelével e me estimula a ter cada vez mais gratidão a Deus, aos
orixás, inquices e voduns por ter sido agraciada com o convívio e a troca em relação
a este homem ímpar.
Evoé! Awure! Saravá!
A seguir, vejam imagens....
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