Nietzsche nas Relações Internacionais:
O Filósofo da Tragédia no Sistema Trágico
DOI:
https://doi.org/10.22409/ziz.v3i1.63066Palavras-chave:
Realismo, Vontade de Poder, Moral, Estado, Teoria Politica, Sistema InternacionalResumo
Este artigo possui o intuito de estabelecer um diálogo entre o pensamento do filósofo Friedrich Nietzsche e as teorias das Relações Internacionais, com ênfase na escola do realismo político. A filosofia nietzschiana critica o idealismo metafísico e a moralidade social, desenvolvendo conceitos como Übermensch, Vontade de Poder, Morte de Deus e Eterno Retorno, que encontram ressonância nas dinâmicas anárquicas e disputas de poder do sistema internacional. Essas ideias permitem associações e analogias contextuais com as Relações Internacionais. O objetivo deste estudo é correlacionar a filosofia de Nietzsche com o realismo político, explorando analogias que permitam compreender como os Estados, tal como os indivíduos na filosofia trágica, lutam pela superação de valores impostos, buscando autonomia e protagonismo em ambos os sistemas. Como método, o artigo realiza uma análise teórica comparativa, utilizando a filosofia nietzschiana para reinterpretar aspectos fundamentais do realismo político, como a luta por sobrevivência e influência em um sistema anárquico. Evidenciando a anarquia do sistema como parte essencial das relações entre os diversos atores, a disputa por influência e poder para garantir a sobrevivência, reflete a Vontade de Poder presente na filosofia trágica, onde ímpetos individuais e coletivos confrontam valores sociais. Estados, como indivíduos, enfrentam desafios que os submetem e inferiorizam, demandando rebelião em busca de emancipação. Esse movimento é essencial para conquistar relevância econômica e política no sistema internacional, representando uma superação moral. Conclui-se que a integração das ideias de Nietzsche nas teorias das Relações Internacionais amplia as possibilidades de compreensão do realismo político, e atrelado a isso, implica a constatação dos indivíduos e dos Estados de sua realidade, motivando-os para a movimentação, até a obtenção de seu lugar de superação.
Downloads
Referências
ARABIA, Christina L.; BOWEN, Andrew S.; WELT, Cory. US Security Assistance to Ukraine [February 27, 2023]. Congressional Research Service, 2023.
BIJOS, Leila. Finanças públicas e intervenção estatal no Japão. Revista de Direito Econômico e Socioambiental, v. 7, n. 1, p. 39-69, 2016.
BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, SP, Vol. 1, 1998.
BRIGGS, Asa; CLAVIN, Patricia. Historia contemporánea de Europa 1789-1989. Espanha: Grupo Planeta (GBS), 1997.
CASTRO, Thales. Teoria das Relações Internacionais. Brasília: FUNAG, 2012.
CAIXETA, Marina Bolfarine. Por uma teoria latino-americana das Relações Internacionais: contribuições dos Estudos de Área. In: Anais do 4º Seminário da Associação Brasileira de Relações Internacionais, ABRI, Seminário 2018, 2018.
CAIXETA, Marina Bolfarine; MENEZES, Roberto Goulart. Desafios atuais para a coopeação sul-sul: as desigualdades e o sul global. Monções: Revista de Relações Internacionais da UFGD, v. 10, n. 20, p. 486-518, 2021.
COSTA, Hugo Bras Martins da. Destined for War: Can America and China Escape Thucydides's Trap?. The Brazilian Political Science Association, 2018.
IKENBERRY, G. John. The rise of China and the future of the West: Can the liberal system survive? Foreign Aff., v. 87, p. 23, 2008.
DELEUZE, Gilles. Nietzsche e a Filosofia. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1976.
FLYNN, Curran. Hans Morgenthau’s scientific man versus power politics and politics among nations: a comparative analysis. PhD thesis, London School of Economics and Political Science, 2014.
GAO, Bai. Japan's economic dilemma: the institutional origin of prosperity and stagnation, New York: Cambridge University Press, 2001.
HOBBES, Thomas. A dialogue between a philosopher and a student of the common laws of England. University of Chicago Press, 1997.
KENNEDY, Paul. Ascensão e Queda das Grandes Potências: Transformações econômica e conflito militar de 1500 a 2000. Rio de Janeiro: Editora Campus, No. 2, 1989.
KISSINGER, Henry. A world restored: Metternich, Castlereagh, and the problems of peace, 1812-22. United Kingdom: Pickle Partners Publishing, 1957.
LANDES, David S.; MOKYR, Joel; BAUMOL, William J. A origem das corporações: uma visão histórica do empreendedorismo da Mesopotâmia aos dias atuais. Rio de Janeiro: Campus, 2010.
LEITE, Eliathan Carvalho. Moralidade e religião em" O príncipe de Maquiavel". Último Andar, v. 24, n. 37, 2021.
LEVY, Jack S.; THOMPSON, William R. Causes of war. Nova Iorque: John Wiley & Sons, 2011.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Tradução de Lívio Xavier. São Paulo: Abril Cultural, Coleção Os Pensadores, v. 9, 1973.
MELLO, Leonel Itausse Aumeida. Quem tem medo da geopolítica?. São Paulo: Hucitee Edusp, 1997.
MORGENTHAU, Hans. Politics Among Nations: The Struggle for Power and Peace. New York: McGraw-Hill, 1993.
NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal: Prelúdio a uma filosofia do futuro. Tradução, Paulo Cézar de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1992
NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Tradução. Carlos Duarte e Anna Duarte. São Paulo: Editora Martin Claret Ltda, 2012
NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2019
NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos Ídolos. Tradução Antônio Carlos Braga. São Paulo, Editora Escala, 2008
NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da Moral: Uma polêmica. Tradução, notas e posfácio: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1998
OFFICE OF THE HISTORIAN. The Birth of Superpower. 1989. Disponível em: https://history.state.gov/departmenthistory/short-history/superpower. Acesso em 16 junho 2023.
OMENA, Luciane Munhoz; SILVA, Altino Silveira. O Estado Meiji e a religião shintô. Revista do Núcleo de Estudos de Religião e Sociedade (NURES), n. 09, 2008.
PARET, Peter; HOWARD, Michael; VON CLAUSEWITZ, Carl. On War. Princeton: Princeton University Press, 2008.
PICCOLI, Luiz Felipe H. A potência do trágico em Nietzsche. Revista Trágica: estudos sobre Nietzsche–2º semestre de, v. 5, n. 2, 2012.
REINO UNIDO. Primeiro-Ministro (1859–1865) Treaty Of Adrianople—charges Against Viscount Palmerston, Casa dos Comuns, 1 de março de 1848. Disponível em: https://api.parliament.uk/historic-hansard/commons/1848/mar/01/treaty-of-adrianople-charges-against. Acesso em 29 maio 2023.
SEMPA, Francis P. Geopolitics From the Cold War to the 21st Century. New Jersey, EUA: Transaction, 2002.
SERVENT, Pierre; HECHT, Emmanuel. O século de Sangue 1914-2014. São Paulo: Editora Contexto, 2014.
SILVA, Antunes Ferreira da. Niilismo e Ética: A “Filosofia do Nada” em suas relações com o agir humano. In: NETO, Dionizio Manoel; RODRIGUES, Valter Ferreira. Filosofia: Um Olhar Sobre a Educação a Ética e a Linguagem. Campina Grande: EDUFCG, 2013.
THE UN SECURITY COUNCIL. Council on Foreign Relations, 2023. Disponível em: https://www.cfr.org/backgrounder/un-security-council. Acesso em 19 de abril de 2023.
TOTA, Antonio Pedro. O imperialismo sedutor: A americanização do Brasil na época da Segunda Guerra. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.
UC SAN DIEGO, U.S. Mexico Security Cooperation 2018-2024. School of Global Policy and Strategy University of California San Diego, 2024
UNITED NATIONS. Report of the Open-ended Working Group on the Question of Equitable Representation on and Increase in the Membership of the Security Council and Other Matters related to the Security Council. General Assembly Official Records Fifty-eighth Session Supplement No. 47 (A/58/47), 2004. Acesso em 16 junho 2023.
WALKER, Christopher. What Is" Sharp Power"?. Journal of Democracy, v. 29, n. 3, p. 9-23, 2018.
WALKER, Robert BJ. State Sovereignty and the Articulation of Political Space/Time. Millennium: Journal of International Studies, v. 20, 1991.
WIGHT, Martin. A Política do Poder. Brasília: Editora UnB, 2002.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 ZIZ - Revista Discente de Ciência Política

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
