“I need to be sane to take care of my child”: (mis)encounters between race, motherhood and madness

Authors

DOI:

https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i1.a64152

Keywords:

Motherhood, Race, Madness, Removal of Parental Rights, Psychosocial Care.

Abstract

This article explores the (dis)encounters between race, motherhood, and madness through the analysis of two cases of Black women, socially perceived as mad, who were treated at a Psychosocial Care Center (CAPS) III in Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. The ethnographic account is based on the lived experiences of the first author, both as a researcher and as a professional and manager of the mental health service between 2020 and 2022. The materials used in the research include medical records, case reports, records of discussions in weekly team supervision, intersectoral meetings, territory supervision, field notes, photographs, as well as personal memories and emotions produced from the encounters with the women in the CAPS’ space of social interaction and care. The article examines the care strategies implemented by the team, highlighting both moments of support and the violence and failures that led to the violation of these women’s reproductive rights and their desire to mother. Based on a socio-anthropological and intersectional perspective, the analysis focuses on the state’s management of the desire and right to motherhood claimed by these women, as well as the violations of these rights and desires through the compulsory separation from their children. The article also shows how these women transitioned from being “cases” to becoming a “cause” for the team, through their antics, provocations, rebellions, and boldness in their attempt to assert their desire and right to be mothers.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biographies

  • Ueslei Solaterrar, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    Doutor em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

  • Laura Lowenkron, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    Professora Associada do Instituto de Medicina Social Hésio Cordeiro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

References

ALVES, Ariana Oliveira. Quem tem direito a querer ter/ser mãe?”: dinâmicas entre gestão, instâncias estatais e ação política em Belo Horizonte (MG). 2021. Dissertação (Mestrado em Antropologia social) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2021. Disponível em: https://www.ifch.unicamp.br/ifch/quem-tem-direito-querer-terser-mae-dinamicas-entre-gestao-instancias-estatais-acao-politica-belo-0. Acesso em: 13 fev. 2024.

ANDRADE, Vanessa Crumial Herdy de. Gênero e cuidado na Atenção Psicossocial: o cotidiano de mulheres cuidadoras em um CAPS no Rio de Janeiro. 2023. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: https://www.bdtd.uerj.br:8443/handle/1/20408. Acesso em: 13 fev. 2024.

ARETXAGA, Begoña. Maddening states. Annual Review of Anthropology, San Mateo, v. 32, p. 393-410, 2003.

BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno.8. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

BARBOSA, Adilane dos Santos; JUCÁ, Vládia Jamile dos Santos. Maternidade e loucura: questões jurídicas em torno do poder familiar. Mental, Barbacena, v. 11, n. 20, p. 243-260, 2017. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1679-44272017000100013&script=sci_abstract. Acesso em: 12 mar. 2025.

BRIGGS, Laura. How all politics became reproductive politics: from welfare reform to foreclosure to Trump. Berkeley: University of California Press, 2017.

BUTLER. Judith. O parentesco é sempre tido como heterossexual? Cadernos Pagu, Campinas, n. 21, p. 219-260, 2003.

CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org.). Pensamento Feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 300-309.

CARNEIRO, Ueslei; AQUINO, Gessica; JUCÁ, Vládia. Desafios da integralidade na assistência: o itinerário terapêutico de mães com sofrimento psíquico grave. Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 5, n. 1, p. 46-57, jan./jun. 2014. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-877336. Acesso em: 12 mar. 2025.

CARTEADO, Maria. Ela não pode ser mãe! Quando maternidade e loucura se cruzam. In: SILVA, Marcus Vinicius de Oliveira (org.). IN-tensa. EX-tensa: a clínica psicossocial das psicoses. Salvador: LEV – Laboratório de Estudos Vinculares: UFBA, 2007. p. 223-227.

COROSSACZ, Valeria Ribeiro. O corpo da nação: classificação racial e gestão social da reprodução em hospitais da rede pública do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009. (Coleção Etnologia, v. 6).

DAS, Veena. Critical Events: An Anthropological Perspective on Contemporary India. New Delhi: Oxford University Press,1995.

DAS, Veena. Vida e Palavras: a Violência e sua Descida ao Ordinário. São Paulo: Editora da Unifesp, 2020a.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

DINIZ, Debora. O que é deficiência. São Paulo: Brasiliense, 2007.

EFREM FILHO, Roberto; MELLO, Breno Marques de. A renúncia da mãe: sobre gênero, violência e práticas de Estado. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 27, n. 61, p. 323-349, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/5dbvWNg4W8FmLw4yRrkkQWK/. Acesso em: 12 mar. 2025.

EVARISTO, Conceição. Quantos filhos Natalina teve? In: EVARISTO, Conceição. Olhos d´água. Rio de Janeiro: Pallas, Fundação Biblioteca Nacional, 2014. p. 43-50.

FAZZIONI, Natália. Nascer e morrer no Complexo do Alemão: políticas de saúde e arranjos de cuidado. 2018. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: https://ppgsa.ifcs.ufrj.br/2257/nascer-ou-morrer-no-complexo-do-alemao. Acesso em: 10 fev. 2024.

FERNANDES, Camila. Figuras da causação: as novinhas, as mães nervosas & as mães que abandonam os filhos. Rio de Janeiro: Telha, 2021.

FERNANDES, Camila. Rasgos da reprodução. Inteligência, [s. l.], ano XXV, n. 102, set. 2023. Disponível em: https://insightinteligencia.com.br/rasgos-da-reproducao/. Acesso em: 12 mar. 2025.

FONSECA, Claudia; MARRE, Diana; RIFIOTIS, Fernanda. Governança reprodutiva: um assunto de suma relevância política. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 27, n. 61, p. 7-46, set./dez. 2021. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/233072?locale-attribute=pt_BR. Acesso em: 12 mar. 2025.

FOUCAULT, Michel. Doença mental e psicologia. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

GIACOMINI, Sonia. Mulher e Escrava. Uma introdução histórica ao estudo da mulher negra no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1988.

GINSBURG, Faye; RAPP, Rayna. The politics of reproduction. Annual Review of Anthropology, San Mateo, v. 20, p. 311-343, 1991.

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Tradução de Nunes. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

GOMES Janaína Gomes. Entre (in)visibilidades pensando “a dinâmica das violências na separação compulsória de mães e filhos em situação de vulnerabilidade”. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 26, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/icse/a/CHbKHY4gjTyR5nX6PKRzJPq/?lang=pt. Acesso em: 12 fev. 2025.

JUCÁ, Vládia; BARBOSA, Adilane. Seria a mulher “louca” uma má mãe? Reflexões sobre maternidade e loucura. Feminismos, Salvador, v. 11, n. 1, 2023. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/53020. Acesso em: 12 fev. 2025.

KILOMBA, Grada. Desobediências poéticas. Curadoria de Jochen Volz e Valéria Piccoli; ensaio de Djamila Ribeiro. São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2019.

LOWENKRON, Laura. Consentimento e vulnerabilidade: alguns cruzamentos entre o abuso sexual infantil e o tráfico de pessoas para fim de exploração sexual. Cadernos Pagu (45), p. 225-258, julho-dezembro de 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cpa/a/gC9XJ9zVMFWhLGnNbPPf3Wv/abstract/?lang=pt. Acesso em: 12 fev.2024.

LOWENKRON, Laura As várias faces do cuidado na cruzada antipedofilia. Anuário Antropológico, Brasília, v. 41, n. 1, p. 81-98, 2016. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6482. Acesso em: 11 fev. 2024.

LUNA, Luedji. Cabô. In: Um corpo no mundo. São Paulo: YB Music, 2017.

MAHMOOD, Sabah. Teoria feminista, agência e sujeito libertário: algumas considerações sobre o revivalismo islâmico no Egito. Etnográfica, [s. l.], v. 23, n. 1, p. 121-158, 2006. Disponível em: https://journals.openedition.org/etnografica/6431. Acesso em: 12 mar. 2025.

MATTAR, Laura; Davis; DINIZ, Carmen Simone Grilo. Hierarquias reprodutivas: maternidade e desigualdades no exercício de direitos humanos pelas mulheres. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 16, n. 40, p. 107-119, jan./mar. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/icse/a/XqxCrSPzLQSytJjsFQMdwjb/abstract/?lang=pt. Acesso em: 12 mar. 2025.

MEDEIROS, Monique Ximenes Lopes de. Conflitos de Estado nas comissões parlamentares de inquérito sobre “planejamento familiar”: esterilização, soberania nacional, nordeste e corpos femininos. Antropolítica, Revista Contemporânea De Antropologia, Niterói, v. 55, n. 2, 2023. Disponível em: https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/56440. Acesso em: 3 mar. 2025.

NASCIMENTO, Pedro. Desejo de filhos: uma etnografia sobre reprodução, desigualdade e política de saúde. João Pessoa: Editora UFPB, 2020.

OLIVEIRA, Roberta Gondim de; GADELHA, Ana Giselle dos Santos; CUNHA, Ana Paula da; CARPIO, Christiane Goulart; OLIVEIRA, Rachel Barros de; CORRÊA, Roseane Maria. Desigualdades raciais e a morte como horizonte: considerações sobre a COVID-19 e o racismo estrutural. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 9, p. 1-14, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/QvQqmGfwsLTFzVqBfRbkNRs/. Acesso em: 12 mar. 2025.

PASSOS, Raquel Gouveia. “O lixo vai falar, e numa boa!”. Katálysis, Florianópolis, v. 24, n. 2, p. 301-309, maio/ago. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rk/a/Nj4qFky59rpZ8vx9wRmqRZR/abstract/?lang=pt. Acesso em: 12 mar. 2025.

PASSOS, Raquel Gouveia. Na mira do fuzil. A saúde mental das mulheres negras em questão. São Paulo: Hucitec, 2023.

PINTO, Sarah. Daughters of Parvati: Women and Madness in Contemporary India. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2014.

RINALDI, Alessandra de Andrade. Ações de destituição do poder familiar em processos de adoção no Rio de Janeiro: valores morais e práticas legais. Revista Sociais e Humanas, Santa Maria, v. 33, p. 75-91, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/sociaisehumanas/article/view/47247. Acesso em: 12 mar. 2025.

ROCHA, Luciane. Judicialização do sofrimento negro. Maternidade negra e fluxo do Sistema de Justiça Criminal no Rio de Janeiro. Sexualidad, Salud y Sociedad, Rio de Janeiro, n. 36, p. 181-205, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sess/a/DMJwqFZpsWVDKtkzbWpQPBC. Acesso em: 12 mar. 2025.

ROSS, Loretta. Reproductive justice as intersectional feminist activism. Soul, [s. l.], v. 19, n. 3, p. 286-314, 2017. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/322536609_Reproductive_Justice_as_Intersectional_Feminist_Activism. Acesso em: 12 mar. 2025.

RUBIN, Gayle. Thinking sex: notes for a radical theory of the politics of sexuality. In: PARKER, Richard; AGGLETON, Peter (ed.). Culture, society and sexuality: a reader. London: UCL Press, 1999. p. 143-178.

RUFINO, Luiz. Pedagogia das Encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.

SANT’ANNA JUNIOR, Ademiel. Exercícios de Atrevivência. 2021. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social e Institucional) – Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/237435. Acesso em: 10 fev. 2024.

SANTOS, Ariana. Do corpo colonizado ao corpo humanizado: trajetórias e percepções acerca do cuidado perinatal e agência feminina negra. 2020. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2020. Disponível em: https://www.bdtd.uerj.br:8443/handle/1/17675. Acesso em: 10 fev. 2024.

SARMENTO, Caroline Silveira. “Por que não podemos ser mães?”: tecnologias de governo, maternidade e mulheres com trajetória de rua. 2020. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2020. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/212984. Acesso em: 15 fev. 2024.

SCOTT, Joan. Experiência. In: SILVA, Alcione Leite da; LAGO, Mara Coelho de Souza, RAMOS, Tânia Regina Oliveira. (org.). Falas de gênero: teorias, análises e leituras. Florianópolis: Mulheres, 1999. p. 21-55.

SOLATERRAR, Ueslei. Sobre AFROntar a Casa-Grande e botar a cara no sol: uma etnografia transviada de formas de gestão do sofrimento. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020. Disponível em: https://www.bdtd.uerj.br:8443/handle/1/19263. Acesso em: 13 fev. 2024.

SOLATERRAR, Ueslei. (Sobre)viver na zona de quase-morte: o (des)fazer do cuidado em saúde mental a pessoas negras no cotidiano pandêmico da Baixada Fluminense. 2024. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, Rio de Janeiro, 2024. Disponível em: https://www.bdtd.uerj.br:8443/bitstream/1/22457/2/Tese%20-%20Ueslei%20Solaterrar%20-%202024%20-%20Completa.pdf. Acesso em: 14 jun. 2024.

TEMPESTA, Giovana. Por uma antropologia da reprodução racializada. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA, 33., 28 ago.-3 set. 2022. Anais […]. Belo Horizonte: ABA, 2022. Disponível em: https://www.33rba.abant.org.br/trabalho/view?ID_TRABALHO=1875. Acesso em: 09 mar. 2024.

VENSON, Anamaria Marcon; PEDRO, Joana Maria. Memórias como fonte de pesquisa em história e antropologia. História Oral, [s. l.], v. 15, n. 2, p. 125-139, jul./dez. 2012. Disponível em: https://revista.historiaoral.org.br/index.php/rho/article/view/261. Acesso em: 12 mar. 2025.

VIANNA, Adriana. Introdução: fazendo e desfazendo inquietudes no mundo dos direitos. In: VIANNA, Adriana (org.). O fazer e o desfazer dos direitos. Rio de Janeiro: Epapers/Laced, 2013. p. 15-35.

VIANNA, Adriana; FARIAS, Juliana. A guerra das mães: dor e políticas em situações de violência institucional. Cadernos Pagu, Campinas, n. 37, p. 79-116, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cpa/a/VL8rMW8kJGpHgxBZwWt9bMt/abstract/?lang=pt. Acesso em: 12 mar. 2025.

Published

2025-04-01

Issue

Section

Thematic Dossier

How to Cite

“I need to be sane to take care of my child”: (mis)encounters between race, motherhood and madness. (2025). Antropolítica - Revista Contemporânea De Antropologia, 57(1). https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i1.a64152