Xukuru contra o Estado? Aportes antropológicos acerca dos tentáculos do estado na vida cotidiana
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i3.a63396Palavras-chave:
estado, Cotidiano, Discurso, Xukuru, Antropologia.Resumo
Este trabalho trata de um escrito que tem como fio condutor pensar no estado enquanto uma importante instituição social que desperta reflexões na Antropologia. Considerando os autores das áreas de Antropologia e Ciências Sociais, visualizamos o estado como uma instituição construída culturalmente, economicamente e simbolicamente em diferentes contextos históricos e locais. Para fixar os aportes antropológicos dos autores usados no texto, nos deteremos, etnograficamente, na atuação política do povo Xukuru de Ororubá, que realiza anualmente uma assembleia indígena, organizada “com” e “contra” o estado. Este trabalho parte de uma pequena janela etnográfica doravante a participação na Assembleia Indígena em 2023, um evento político e cultural que acontece anualmente no território da serra Ororubá, no município de Pesqueira no estado de Pernambuco. A partir de um processo de organização étnica e de luta política pela manutenção e defesa de seus territórios, há mais de duas décadas a nação Xukuru realiza a assembleia indígena que tem como principal objetivo dialogar acerca da organização política do povo Xukuru. Por meio de uma breve etnografia, o texto apresenta o modo como os Xukuru visualizam e negociam com o estado brasileiro dentro de sua mobilização política. A partir de um contexto particular do nordeste brasileiro, o povo Xukuru tece uma relação colaborativa e crítica com o estado, e é sobre essa relação cotidiana e política que o artigo explora.
Downloads
Referências
ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. Tradução de Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
ARRUTI, José Maurício. A produção da alteridade: o Toré e as conversões missionárias e indígenas. In: MONTERO, Paula (org.). Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São Paulo: Globo, 2006. p. 381-426.
BARTH, Fredrik. Os grupos étnicos e suas fronteiras. São Paulo: NESP, 1995.BOURDIEU, Pierre. Curso de 17 de janeiro de 1991. In: BOURDIEU, Pierre. Sobre o Estado: cursos no Collège de France (1982-92). São Paulo: Companhia das Letras, 2014. p. 252-255.
CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
COMUNICAÇÃO. Assessoria de. Povo Xukuru recebe indenização do governo após sentença da CIDH que condenou o Estado por violações de direitos humanos. Conselho Indigenista Missionário, Brasília, DF, 11 fev. 2020. Disponível em: https://cimi.org.br/2020/02/povo-xukuru-recebe-indenizacao-do-governo-federal-como-sentenca-da-cidh-que-condenou-o-estado-por-violacoes-de-direitos-humanos/. Acesso em: 20 fev. 2025.
DAS, Veena. Vida e Palavras: a violência e sua descida ao ordinário. São Paulo: Editora Unifesp, 2020.
DAS, Veena; POOLE, Deborah. El estado y sus márgenes: etnografías comparadas. Cuadernos de Antropología Social, Buenos Aires, n. 27, p. 19-52, 2008.
FILMES, Ororubá. 23ª Assembleia Xukuru - 19/05. YouTube, 19 maio 2023. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FDvg2sCdN20. Acesso em: 20 fev. 2025.
FILMES, Ororubá. 23ª Assembleia Xukuru - 19/05 Noite Cultural. YouTube, 19 maio 2023. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_8gxUA39aCc. Acesso em 20 fev. 2025.
FILMES, Ororubá . Audiovisual Indígena - Pe. Do povo Xukuru do Ororubá para o mundo. Instagram, 2023. Disponível em: https://www.instagram.com/ororuba_filmes/. Acesso em: 20 fev. 2025.
FORTES, Meyer; EVANS-PRITCHARD, Edward Evan. Sistemas políticos africanos. Tradução de Teresa Brandão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1980.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2006.
GUPTA, Akhil. Fronteras borrosas: el discurso de la corrupción, la cultura de la política y el estado imaginado. In: ABRAMS, Philip; GUPTA, Akhil; MITCHELL, Timothy (org.). Antropología del estado. México: Fondo de Cultura Económica, 2015. p. 71-144.
MERRIMAN, Danielle Reaney. Critical visibility in Colombia: victimhood, reparations, and the challenge of visibilizarse. 2018. Tese (Doutorado em Antropologia) – University of Colorado, Boulder, 2018.
MITCHELL, Timothy. Sociedad, economía y el efecto de Estado. In: ABRAMS, Philip; GUPTA, Akhil; MITCHELL, Timothy (org.). Antropología del Estado. Cidade do México: Fondo de Cultura Económica, 2015. p. 145-187.
OLIVEIRA, Kelly; NEVES, Rita; FIALHO, Vânia. Conflitos, violências e o vaso Xukuru na CIDH. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 424-451, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rdp/a/d5dpmfYFCQ5ZLdj96FPLftP/. Acesso em: 28 fev. 2025.
PEIRANO, Mariza. Etnografia não é método. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 20, p. 377-391, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/n8ypMvZZ3rJyG3j9QpMyJ9m/?lang=pt. Acesso em: 28 fev. 2025.
RAMOS, Alcida Rita. Nações dentro da nação: um desencontro de ideologias. In: ZAUR, George (org.). Etnia e nação na América Latina. Washington: OEA. 1993. p. 79-- 89
RITA, Neves. O calendário da resistência: performances e mobilização política nas assembleias e no 20 de maio dos índios Xukuru do Ororubá. In: MALUF, Sonia Weidner; DIEHL, Eliana Elisabeth; MORENO, Juana Valentina Nieto (org.). Uma Antropologia da práxis: homenagem a Jean Langdon. Florianópolis: EdUFSC, 2023. p. 337 - 357-X.
RIFIOTIS, Theophilos. Violência e poder: avesso do avesso. In: NOBRE, Renarde Freire (org.). O poder no pensamento social: dissonâncias do mesmo tema. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. p. 153-173.
RIFIOTIS, Theophilos. Violência, justiça e direitos humanos: reflexões sobre a judicialização das relações sociais no campo da “violência de gênero”. Cadernos Pagu, Campinas, v. 45, p. 261-295, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cpa/a/8CxpJgP7bvY9b8HYMw4fXXC/abstract/?lang=pt. Acesso em: 28 fev. 2025.
WEBER, Max. Os tipos de dominação. In: WEBER, Max. Economia e sociedade. v. 1. Brasília: Editora da UnB, 2000. p. 139-198.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Cristhyan Kaline Soares Mineiro

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
O conteúdo da revista Antropolítica, em sua totalidade, está licenciado sob uma Licença Creative Commons de atribuição CC-BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt).
De acordo com a licença os seguintes direitos são concedidos:
- Compartilhar – copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato;
- Adaptar – remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial;
- O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
- Atribuição – Você deve informar o crédito adequado, fornecer um link para a licença e indicar se alterações foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer maneira razoável, mas de modo algo que sugira que o licenciante o apoia ou aprova seu uso;
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.