Julgamento, produção subjetiva e construção histórica

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DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/2025/v37/67046

Palavras-chave:

julgamento, subjetividade, construção histórica

Resumo

O objetivo deste trabalho é investigar o conceito de julgamento enquanto produção de subjetividade, a fim de compreender se há relações entre a judicialização da vida e a crescente polarização social. Para isso, elencamos algumas obras de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Felix Guattari nas quais o julgamento aparece como tema central ou transversal. A partir dos estudos e análises dessas obras foi possível compreender com Foucault uma perspectiva genealógica da justiça que impossibilita qualquer noção de neutralidade e fomenta a hipótese de que a polarização pode ser efeito da hipertrofia da judicialização da vida. Deleuze e Guattari fornecem uma leitura intensiva da moral e da ética enquanto componentes da subjetividade, sendo a moral elemento fundamental do julgamento e instrumento de clausura da vida; enquanto a ética possibilita a avaliação dos acontecimentos, deslocando-nos do binômio bem-mal e viabilizando a potência vital.

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Biografia do Autor

  • Maria Lívia do Nascimento, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil

    Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Brasília (1974), mestrado em Psicologia pela Universidade de Brasília (1978) e doutorado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1990). Atualmente é professa titular da Universidade Federal Fluminense. Bolsista Produtividade em Pesquisa CNPq. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Exclusão Social, atuando principalmente nos seguintes temas: produção de subjetividade, infância e adolescência, psicologia e judiciário, judicialização da vida. 

  • Lucio Flávio de Santana Gimenes, Centro Universitário Araguaia, Goiânia,GO, Brasil

    Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (2018) e mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (2021). Atualmente é professor do Centro Universitário Araguaia (UniAraguaia). Membro do NDE do Curso de Psicologia - UniAraguaia. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em temas culturais contemporâneos, especialmente nas intersecções entre tecnologias da informação, comunicação, produção de subjetividade, clínica e saúde mental, sob a ótica da Análise Institucional, Esquizoanálise e Ciberpsicologia.

  • Bárbara dos Santos Sampaio Ferreira, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    Psicóloga residente em Saúde da Família e Comunidade pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, graduada em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (2020) e especialista em Prevenção e Terapêutica Cardiovascular pela Universidade de São Paulo (2023). Atualmente, é psicóloga residente nas Clínicas da Família Zilda Arns e Rodrigo Yamawaki Aguilar Roig. 

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Publicado

2025-06-25

Edição

Seção

Dossiê V Colóquio Michel Foucault - a judicialização da vida

Como Citar

Julgamento, produção subjetiva e construção histórica. Fractal: Revista de Psicologia, Rio de Janeiro, Brasil, v. 37, p. Publicado em 27/06/2025, 2025. DOI: 10.22409/1984-0292/2025/v37/67046. Disponível em: https://www.periodicos.uff.br/fractal/article/view/67046. Acesso em: 8 dez. 2025.