Buchi Emecheta e Françoise Ega: Escritas Migrantes do Sul Global
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v30i67.66613.ptPalavras-chave:
Autorias negras, Imigração, Feminismo decolonial, Buchi Emecheta, Françoise EgaResumo
No cenário de deslocamentos de pessoas entre o centro e a periferia do globo, narrativas emergentes, sujeitos literários e práticas discursivas cruzam fronteiras físicas e culturais impostas pelo colonialismo. Esse quadro está presente em Cidadã de Segunda Classe (2018), de Buchi Emecheta e Cartas a uma negra: narrativa antilhana (2021), de Françoise Ega. Das experiências da nigeriana Adah e da martinicana Maméga, que emigraram para Londres e Marselha, respectivamente, são selecionadas e problematizadas aquelas relativas à maternidade, à moradia, às ocupações profissionais e à escrita. Para isso, buscamos ferramentas que julgamos adequadas para análises das vivências das personagens nos debates do feminismo decolonial através de pesquisas de Françoise Vergès, Oyèrónke Oyewùmí, Grada Kilomba, Gayatri Spivak, Conceição Evaristo e Gloria Anzaldúa relacionadas à reprodução social e racialização, à generificação das relações, ao controle da fala e da enunciação, ao privilégio epistêmico e à escrita como agência de enfrentamento ao colonialismo; da mesma forma, contribuições de Aníbal Quijano, Edward Said e Frantz Fanon quanto à colonialidade do poder, à produção de conhecimento, linguagem e mentalidades dominadoras. O diálogo realizado entre os textos e a bibliografia teórica nos permitirá afirmar a existência de uma relação entre o lugar que essas mulheres racializadas ocupam na reprodução social da ordem capitalista e a escrita de mulheres como resistência e protagonismo diante das políticas colonialistas.
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Referências
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