Entre palavras e pontos:

Pombagiras e o feminino ancestral na linguagem da resistência

Autores

  • Ana Laura Mota de Brito Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Autor
  • Nara Hiroko Takaki Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Autor https://orcid.org/0000-0001-8574-5842

Palavras-chave:

Pombagira, Ponto cantado, Feminismo

Resumo

Este artigo apresenta análises de pontos cantados de Pombagiras e relatos de praticantes de religiões de matriz africana, alguns retirados da obra Pombagira, a Deusa: Mulher igual você, de Alexandre Cumino, publicado em 2019 pela editora Madras, com o intuito de desconstruir estereótipos historicamente associados às Pombagiras e, por conseguinte, à mulher brasileira, herança da colonização europeia e de sua cultura de hierarquização (González, 2020), que instituiu papéis generificados (Oyěwùmi, 2020) que subjugam o feminino e limitam sua potência simbólica e social. A pesquisa fundamenta-se em referenciais dos estudos de gênero e raça, bem como em epistemologias decoloniais comprometidas com a valorização de saberes ancestrais. O artigo conclui que as práticas religiosas afro-indígenas brasileiras e seus signos sagrados, como as Pombagiras e os Exus, configuram-se como fontes legítimas para a produção de conhecimento e para a análise crítica de questões histórico-sociais, como o feminismo, a história da mulher brasileira e as relações de gênero em contextos interseccionais.

 

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Biografia do Autor

  • Ana Laura Mota de Brito, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

    Graduanda em Letras - Português e Inglês, com foco na área de Linguística. Interesse em epistemologias plurais, saberes orais ancestrais e feminismo. Atua em projetos de pesquisa voltados a valorização de linguagens e conhecimentos tradicionais, com ênfase em vozes femininas e espiritualidades afro-brasileiras. Atualmente finalizando o projeto de Iniciação Científica (PIBIC/UFMS) Entidades Espirituais Femininas Brasileiras, sob a orientação da Prof. Dra. Nara Hiroko Takaki.

  • Nara Hiroko Takaki, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

    Possui graduação em Inglês e Português pela Universidade de São Paulo (1988), graduação em Licenciatura: Inglês e português pela Universidade de São Paulo (1989), mestrado em Letras modernas (Português e Inglês) pela Universidade de São Paulo (2004) e doutorado em Letras pela Universidade de São Paulo (2008). É professora associada da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Linguagem, interpretação, sociedade, atuando principalmente nos seguintes temas: letramentos críticos, decolonialidades, translinguagem, pós-humanismo. Líder do grupo de pesquisa Educação crítica, criativa e ética por Linguagens, Transculturalidades e Tecnologias. Membro do GT Transculturalidade, Linguagem e Educação da ANPOLL. Membro do Projeto Nacional de Letramentos (USP). Autora de Leitura na formação de professores de inglês da rede pública: a questão da reprodução de leitura no ensino de inglês e de Letramentos na Sociedade digital: navegar é e não é preciso. Coautora de Letramentos em Terra de Paulo Freire e de Construções de sentido e letramento digital crítico na área de línguas/linguagens, de Educação crítica em línguas/linguagens em grupos de estudos, de Educação crítica de professores/as de linguagens e de Educação crítica de professore/as de linguagens (Olhares, agência e vivências). 

Referências

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Publicado

2025-12-16

Como Citar

Entre palavras e pontos:: Pombagiras e o feminino ancestral na linguagem da resistência. Sede de Ler, Niterói, v. 15, n. 1, p. sel025020, 2025. Disponível em: https://www.periodicos.uff.br/sededeler/article/view/68755. Acesso em: 21 dez. 2025.