O realismo fantástico e a oralidade nos contos de Mia Couto
Palavras-chave:
Realismo fant´ástico, Oralidade, Mia CoutoResumo
Este artigo propõe uma análise dos contos “Nas águas do tempo” e “A velha engolida pela pedra”, do escritor moçambicano Mia Couto, à luz da teoria do realismo fantástico, conforme proposto por Tzvetan Todorov, e da perspectiva da oralidade, com base nos estudos de Zilberman. Em um primeiro momento, realizamos uma abordagem teórica dos conceitos centrais que sustentam a pesquisa, buscando compreender as características do fantástico e da tradição oral como elementos estruturantes da narrativa. A partir dessa base, desenvolvemos uma análise interpretativa dos contos selecionados, com o objetivo de investigar de que forma a oralidade atua como marca identitária e cultural da literatura moçambicana contemporânea. Ao mesmo tempo, observa-se como o insólito, frequentemente vinculado a elementos da natureza e da ancestralidade, é construído em diálogo com as especificidades do contexto africano. A análise destaca que o realismo fantástico em Mia Couto se manifesta na hesitação entre o natural e o sobrenatural, provocando no leitor uma incerteza diante de fenômenos insólitos.
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