Dispositivos de fronteira, tecnologias digitais e soberania: uma leitura da Operação Acolhida como parte de um ecossistema de desinformação
DOI:
https://doi.org/10.22409/bs7g2r49Palavras-chave:
Operação Acolhida; Fronteira; Desinformação; Vigilância; Soberania.Resumo
O Brasil recebe venezuelanos por meio da Operação Acolhida (OPA), responsável pela documentação, triagem sanitária e abrigamento dos migrantes. Este artigo analisa a OPA a partir de três premissas: 1) a estruturação como um dispositivo de fronteira que insere a “vida nua” num outro bios, o midiático ou virtual (Sodré, 2021); 2) o uso de tecnologias digitais para controle e datifi cação de migrantes e sua relação com a questão da soberania nacional; 3) a legitimação como “política modelo” a partir de práticas de desinformação e pactuação de consensos. A análise, realizada a partir de trabalho de campo etnográfico e documentos recebidos via Lei de acesso à informação (LAI), mostra como a reiteração de enunciados parciais e a mobilização do medo, associados à redução da atuação estatal por meio das Forças Armadas e ONGs, têm acentuado a precarização da vida dos migrantes.
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