Du « fais ce que je dis » au « fais ce que je fais »

Foucault ou l’écriture comme art de ne pas gouverner

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.22409/1984-0292/2025/v37/66346

Mots-clés :

Arte de governar, Devotio moderna, Escrita científica, Michel Foucault, Pedagogia do Ensino Superior, Pedagogia jesuítica

Résumé

Cette étude cherche à mettre en lumière trois manières dont se manifeste la relation entre l’écriture et l’art de gouverner. Il examine d'abord l'attitude critique – ou « l'art de ne pas être gouverné d'une telle manière » – dans le mouvement religieux de devotio moderna à travers une lecture spécifique de l'Imitation du Christ de Thomas à Kempis et examine ensuite la pédagogie jésuite comme une machine à raréfier l'écriture et à gouverner par l'écriture.  L'article se termine par une invitation à revisiter l'œuvre de Michel Foucault en s'intéressant à ce que font ses textes, plutôt qu'à ce qu'ils disent ou à ce qu'on dit d'eux. Enseignant-chercheur ayant écrit pour se déplacer de lui-même, Foucault représente un processus de subjectivation par l'écriture dans lequel le médiateur n'apparaît plus sous l'habit du moine ascète, dans le discours neutre du manuel scolaire ou sous la forme intimidante de l'auteur inaccessible, mais comme un « ami du texte » choisi par affinité et auquel on pourrait assigner le rôle de formateur de notre l'écriture. Comment envisager une relation pédagogique fondée sur l’écriture en tant qu'art de ne pas gouverner ni d'être gouverné ?

Téléchargements

Les données de téléchargement ne sont pas encore disponible.

Biographie de l'auteur-e

  • Tomás Vallera, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal

    Tomás Vallera (tomas.vallera@ie.ulisboa.pt) é doutor em Educação, variante História da Educação (2019), pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. É Professor Auxiliar Convidado e membro integrado da Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Educação e Formação (UIDEF) do mesmo Instituto. Tem desenvolvido investigações no âmbito da genealogia do sujeito escolar moderno e da pedagogia do ensino superior. Dedica-se igualmente à tradução de textos académicos na área das ciências sociais e humanas.

Références

ÁLVAREZ-URÍA, Fernando; VARELA, Julia. Arqueologia de la Escuela. Madrid: Ediciones de La Piqueta, 1991.

BARROSO, João. Os Liceus: Organização Pedagógica e Administração (1836-1960). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian e Junta Nacional de Investigação Científica. 1995. v. 1.

BENJAMIN, Walter. O anjo da história. Lisboa: Assírio & Alvim, 2010.

CHARTIER, Roger; COMPÈRE, Marie-Madeleine; JULIA, Dominique. L’Éducation en France du XVIe au XVIIIe Siècle. Paris: S.E.D.E.S., 1976.

COMPANHIA DE JESUS. Código Pedagógico dos Jesuítas: Ratio Studiorum da Companhia de Jesus. Lisboa: Esfera do Caos, 2009.

DELEUZE, Gilles. O mistério de Ariana – cinco textos e uma entrevista de Gilles Deleuze. Lisboa: Vega, 2005.

FOUCAULT, Michel. Pour une morale de l’inconfort. Le Nouvel Observateur, Paris, n. 754, p. 279-284, 1979.

FOUCAULT, Michel. O filósofo mascarado. Le Monde Dimanche, Paris, n. 10.945, p. 299-306, 6 abr. 1980.

FOUCAULT, Michel. Truth, power, self: an interview with Michel Foucault. In: MARTIN, Luther H.; GUTMAN, Huck; HUTTON, Patrick H. (Eds.). Technologies of the Self: a seminar with Michel Foucault. Amherst: The University of Massachusetts Press, 1988. p. 9-15.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: o uso dos prazeres. Lisboa: Relógio D’Água, 1994. v. 2.

FOUCAULT, Michel. A ética do cuidado de si como prática da liberdade. In: MOTTA, Manuel Barros da (Org.). Ética, Sexualidade, Política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. Coleção Ditos & Escritos, v. 5, p. 258-280.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

FOUCAULT, Michel. Radioscopia de Michel Foucault. In: MOTTA, Manuel Barros da (Org.). Arte, Epistemologia, Filosofia e História da Medicina. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011. Coleção Ditos & Escritos, v. 7, p. 323-342.

FOUCAULT, Michel. O que é a crítica? (Crítica e Aufklärung). Imprópria: política e pensamento crítico, Lisboa, n. 1, p. 57-80, 2012.

FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau, 2013.

GOMES, Joaquim Ferreira. O modus parisiensis como matriz da pedagogia dos jesuítas. Revista Portuguesa de Filosofia, Lisboa, v. 50, n. 1-3, p. 179-196, 1994.

HADOT, Pierre. A filosofia como maneira de viver. Entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. São Paulo: É Realizações, 2016.

HAMILTON, David. Towards a Theory of Schooling. London: Falmer, 1989.

HENRIQUES, António. A grande travessia: textos académicos para gente do risco e do movimento ousado. Currículo sem Fronteiras, v. 21, n. 2, p. 523-539, maio/ago. 2021. http://dx.doi.org/10.35786/1645-1384.v21.n2.5

KEMPIS, Tomás de. Imitação de Cristo. Com reflexões e orações de São Francisco de Sales. Petrópolis: Vozes, 2009. Disponível em: https://cavcomunidade.wordpress.com/wp-content/uploads/2017/10/imitacao-de-cristo-tomas-de-kempis.pdf. Acesso em: 23 jan. 2025.

LOIOLA, Inácio de. Constituições da Companhia de Jesus. Lisboa: Província Portuguesa da Companhia de Jesus, 1975.

Ó, Jorge Ramos do. Foucault e o problema da escrita: uma introdução. In: CLARETO, Sónia Maria; FERRARI Anderson (Org.). Foucault, Deleuze & Educação, Juiz de Fora: EDUFJF, 2013, p. 21-62.

Ó, Jorge Ramos do. Em defesa da universidade: autorreflexividade, dúvida radical e escrita do devir. Práticas da História: Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past, Lisboa, n. 4, p. 127-194, 2017. https://doi.org/10.48487/pdh.2017.n4.21838

Ó, Jorge Ramos do. Fazer a mão: por uma escrita inventiva na universidade. Lisboa: Edições do Saguão, 2019.

Ó, Jorge Ramos do; PAZ, Ana Luísa. Da universidade quinhentista de Paris para o mundo: currículo e método em Petrus Ramus. Revista História da Educação [online], v. 23, 2019. https://doi.org/10.1590/2236-3459/83768

Ó, Jorge Ramos do; VALLERA, Tomás. Ordo et modo: os jesuítas e a difusão de uma pedagogia de governo da escrita. Revista Brasileira de Educação, v. 26, 2021. https://doi.org/10.1590/S1413-24782021260094

ONG, Walter Jackson. Ramus, Method and the Decay of Dialogue. Cambridge: Harvard University Press, 1983.

PETITAT, André. Production de l’École, Production de la Société: Analyse Socio-historique de quelques Moments Décisifs de L’Évolution Scolaire en Occident. Genève: Librairie Droz, 1982.

POST, Regnerus Richardus. The Modern Devotion: Confrontation with Reformation and Humanism. Leiden: E. J. Brill, 1968.

SCHEEPSMA, Wybren. Medieval Religious Women in the Low Countries: The ‘Modern Devotion’, the Canonesses of Windesheim, and Their Writings. Woodbridge: Boydell Press, 2002.

SELDEN, John. The Table-Talk of John Selden. London: John Russell Smith, 1856.

SIMON, John K. A conversation with Michel Foucault. Partisan Review, New York City, v. 38, n. 2, p. 192-201, 1971. Disponível em: https://www.normfriesen.info/files/foucault_lecture.pdf. Acesso em: 23 jan. 2025.

SLOTERDIJK, Peter. Tens de mudar de vida. Lisboa: Relógio D’Água, 2018.

VALLERA, Tomás. António Hespanha como autoridade profana: reflexões sobre um encontro de escritas no contexto de pós-graduação. Práticas da História: Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past, Lisboa, n. 9, p. 151-165, 2019. https://doi.org/10.48487/pdh.2019.n9.22378

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Lisboa: Editorial Presença, 1996.

Téléchargements

Publié

2025-08-18

Numéro

Rubrique

Dossiê V Colóquio Michel Foucault - a judicialização da vida

Comment citer

Du « fais ce que je dis » au « fais ce que je fais »: Foucault ou l’écriture comme art de ne pas gouverner. Fractal: Revista de Psicologia, Rio de Janeiro, Brasil, v. 37, p. Publicado em 18/08/2025, 2025. DOI: 10.22409/1984-0292/2025/v37/66346. Disponível em: https://www.periodicos.uff.br/fractal/article/view/66346. Acesso em: 9 déc. 2025.